terça-feira, 30 de setembro de 2008

Um pouco de animalismo



Anilamizar talvez seja o caminho mais correto que humanizar. O homem é um dos poucos seres vivos que comete crueldade gratuita. Enquanto um vírus invade o corpo de uma pessoa para a sua própria sobrevivência, um homem invade a casa de uma família e os faz de refém, estupra a esposa, espanca o patriarca...e tudo isso a troco de que? Enquanto um tubarão ataca um ser humano só por sentir o cheiro de sangue, um sujeito surra a esposa pelo simples prazer de vê-la sangrar. Uma serpente produz veneno para imobilizar a sua presa e facilitar na sua captura para a alimentação. Os homens produzem venenos para lançar em guerras contra pessoas inocentes e liquidar uma população inteira sem nenhuma explicação que justifique uma questão de sobrevivência. Talvez os animais sejam muito mais puros por agirem de acordo com os seus instintos. Se nós homens fossemos um pouco mais animais e menos humanistas e agíssemos de acordo a nossa essência animal, poderíamos ser mais justos. Quanto mais achamos que nos aproximamos da civilização, mais selvagens nos tornamos a ponto de corrermos o risco de nos dizimar. E o animais que vivem em comunidade? Alguém já viu formigas guerriando? Ou pássaros caindo do céu numa nuvem negra e banhada de sangue? Se o instinto do ser humano é pensar, então cabe a nós a árdua tarefa de fazer com que não percamos a nossa animalidade, a nossa irracionalidade. Deixarmos mais ela nos guiar e esquecermos tudo aquilo que é simbólico e que foi criado por nós mesmos. Sejamos um pouco mais pássaros para andarmos mais em bando, um pouco mais cães para sermos mais companheiros, um pouco mais gatos para lambermos as nossas crias. E não tentemos nos distinguir e negar o princípio criador que gerou todas as espécies. Um pouco de animalismo é necessário para que não sejamos mais os nossos próprios predadores e para que todo ser humano possa ter o direito que a natureza concedeu a todos os seres vivos. O direito de nascer, crescer e morrer.

domingo, 7 de setembro de 2008

"Fazer arte é criar uma ponte de sentimento entre aquele que vê e aquilo que é visto."

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Viver gerundiando

Viver não é nada mais que eternamente se conjugar no gerúndio. As pessoas tendem a não entender isso. Sentem algo hoje como se o atual fosse o permanente. Amam e dizem "eu amo", enquanto o correto seria dizer "eu estou amando", porque você pode deixar de amar a qualquer momento. As coisas estão em processo, e tudo o que está parado simplesmente está morto. Viver é estar em movimento. O correto seria dizer "eu estou vivendo" e não "eu vivo". O que vive, vive eternamente. Deus vive. E nós, meros mortais, somos seres gerundiando. Estamos crescendo, envelhecendo, vivendo, aprendendo, errando, andando, correndo, chorando, sorrindo, sendo felizes, sofrendo, amando...enfim...o gerúndio é a existência. E não existimos, estamos existindo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Oração do poeta

Pai nosso de todos os poetas
santificado seja o vosso verso
vem a nós a vossa verve
assim na prosa como na poesia
o amor nosso que cada dia mais nos faz sofrer
abençoai os nossos saraus
perdoai os nossos pessimismos
assim como nós perdoamos o dom que nos foi dado
não nos deixei cair em depressão
mesmo nos pesares da alma
Amém!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Ser homem




O que é ser homem? É ter uma vasta lista de mulheres que você levou pra cama? É mostrar a todos que você tem força pra derrubar outro homem? Os homens mais nobres são aqueles que não precisam de listas de conquistas, são aqueles que fazem uma mulher se sentir protegida pelos seus braços confortantes, não são aqueles que derrubam homens, mas aqueles que estendem a mão para levantar um ser humano quando ele precisa. Ser homem está longe de qualquer convenção dessa sociedade hipócrita e inútil na produção de qualquer conceito que tente fazer um mundo mais justo. Já vi homens adultos agirem como meninos e já vi meninos agindo como adultos. Já vi um homem traindo a sua esposa inúmeras vezes e agindo como um covarde, e um menino de 12 anos cuidando da casa como um pai de família. Danem-se as convenções de que homem só precisa praticar esportes e sufocar qualquer sentimentalismo que existe no seu peito. Danem-se os discursos sexistas de que os homens são superiores às mulheres. Se elas fossem inferiores se acovardariam de dar a luz e nós homens nem ao menos existiríamos. Danem-se os preconceitos de que homem que é homem tem que estar com uma mulher ao lado para mostrar a sua masculinidade. Cansei de ver homossexuais tendo atitudes mais nobres que as de muitos homens com um casamento de vários anos no currículo. Ser homem não é honrar o que lhe cresce por entre as pernas. É honrar o fato de Deus ter-lhe dado a responsabilidade de cuidar do mundo. Ser homem é saber fazer o correto. É chorar quando se tem vontade e é admitir que está errado quando alguém lhe diz. Ser homem não é seguir os conceitos que a natureza "lhe impôs". É honrar o nome que a sua mãe te deu. E ser muito mais que um Pedro, Francisco, Jorge, Alfredo ou Henrique que for. É ser humilde e perceber que somos todos iguais, homens e mulheres. Sem submissões e inferioridades. Sem querer ter a voz grossa e cuspir no chão para se mostrar másculo. Isso é ser homem! E isso poucos homens são.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Amar é como andar de bicicleta

Amar é como andar de bicicleta. Parece confuso, mas é muito fácil. Você pode aprender em qualquer época da vida e não importa com quantos anos esteja. Existe um momento para cada um, e tudo o que precisamos é ter coragem e alguém que nos dê uma mãozinha, aquela pessoa que nos impulsiona a aprender. O problema é que existem pessoas que ao levar o primeiro tombo ficam com medo e não andam novamente. Porém cada um aprende de um jeito. Uns conseguem andar na primeira tentativa, outros caem muito até que finalmente aprendem. E existem aqueles que crescem e escondem a vergonha de não terem aprendido, talvez por medo de cair e se machucar muito. Tudo o que devemos fazer é apenas olhar para frente e seguir. Sem se preocupar com que está ao nosso redor. Até que cada pedalada nos vai fazendo manter ainda mais o que equilíbrio. E quando menos esperamos, já estamos correndo, dando curvas e guiando sem as mãos. Mesmo que às vezes ainda possamos cair por uma simples distração, basta se levantar e andar novamente. E não importa quanto tempo você fique sem praticar. Quando você anda de novo, sente toda aquela sensação como a da última vez. Porque quando você aprende a andar de bicicleta, não se esquece jamais.

Abrigo


Há ainda uma certa dúvida que me assola, a de como Olavo rejeitou tudo o que lhe foi dado. Ele foi o meu amigo de infância. Mesmo que, quando éramos pequenos, não desse conta disso. Olavo nasceu com uma doença que o afastara da realidade. Não era necessariamente louco. Eu o achava muito mais normal que eu até. Vivia no seu próprio mundo, longe dos homens e de suas palavras. Cantava o dia inteiro, era amigo de suas bolinhas de gude, olhava pra tudo como se fosse cego. O seu ponto fixo era a sua própria mente. Vivia como uma roupa do lado contrário.Éramos melhores amigos. Embora eu sempre ouvisse seus pensamentos aleatórios, podia entender um pouco de sua alma e me encontrasse algumas vezes nele. Talvez fosse isso o algo que nos ligava. A idéia de estar perto de alguém que apenas me ouvia e não me olhava de forma indiferente era sempre confortadora.O tempo passou e crescemos. A ciência evoluiu assim como a vida financeira de seus pais. Isso fez com que sua mãe investisse cada vez mais em seu tratamento. Até que então surgiu uma novidade que assustou a todos: a possível cura da doença de Olavo. Rapidamente eles fizeram as malas para buscá-la e só voltaram 2 anos depois. Foi numa tarde de primavera. As crianças estavam brincando na rua, mamãe lavando a varanda, papai limpando o carro com o aspirador e meu avô num lugar qualquer matando-se com uma garrafa de cachaça. Um carro de vidros fume parou em frente a casa do meu velho amigo. Dele saiu sua mãe, ela estava bonita e com um sorriso lindo. Depois seu pai, que desceu do veículo de costas pegando as malas. Até que uma mão branca e magra estendeu uma bolsa de couro até ele. Fiquei tão surpreso quando vi que era Olavo que eu até me engasguei com o chiclete que mascava e acabei o engolindo. Ele saiu do carro, olhou pra tudo ao seu redor, inclusive para mim, e suspirou.A noite chegou e todos esperavam o tão novo ser normal num jantar regado a carne e cerveja. Olavo parado estava e no canto ficou. Encontrando assim um amigo. O estranho foi ouvir dele que parecia que nos conhecíamos há anos. Mas o que me deu alegria, foi o seu abraço, que se repetiria muitas vezes.Olavo foi matriculado em tudo o que seus pais achavam necessário a sua vida: escola, natação, cursos de idiomas e algo mais que não me lembro. Aprendeu a andar de bicicleta, ganhou um computador, vídeo game e todo tipo de engenhoca moderna. Olavo era de uma série anterior a minha. Fora alfabetizado nos Estados Unidos pela mãe. Na escola, ele ia com as melhores roupas, tinha os melhores tênis, chegava de carro importado e tinha tudo o que um jovem precisava ter pra ser feliz. Ou quase tudo.Ele não falava muito. Pensei que fosse pelo fato de estar achando tudo muito novo. Os meses se passaram, ele não fez amigos e nem ao menos sorria pras pessoas. Eu era o único com quem Olavo conversava desde quando se curou até a adolescência. Nela então, já havia se tornado um rapaz totalmente anti-social. Seus pais o levaram ao psicólogo e atenderam a todos os conselhos que ele os dera. Se Olavo ficava triste por não ter amigos, seus pais arrumavam amigos pra ele. Se ficava entediado, seus pais faziam uma festa. Se ele se revoltava, seus lhe pais lhe davam carinho aos invés de tapas. E nada disso foi o suficiente.O pai de Olavo havia feito tudo o que podia para torná-lo um rapaz saudável. O fez praticar muitos esportes, e se Olavo não gostasse de futebol, ele o levava a um jogo de vôlei, mas nada adiantou. Até que então, deixaram ele mesmo decidir pelo seu próprio lazer, escolher seus próprios amigos e ser tudo o que quisesse. Sendo assim, Olavo desfrutou de sua liberdade e comprou alguns livros. Passava horas lendo poesia e romances. E quando eu o perguntava se ele estava satisfeito, me respondia que não.Os livros não lhe eram suficientes na sua busca pelo prazer. Olavo então decidiu ouvir música. Comprou muitos CDs e mergulhou em todos os estilos musicais procurando o seu. Até que descobriu que não era um cara musical.Decidiu virar cinéfilo. Alugou todos os filmes que queria ver e nem ao menos conseguiu se entreter com nenhum deles. Se entregou ao sexo, experimentou homens e mulheres e nenhum toque o fez suar pela alma.Andou no mundo, abraçou os povos, cultura, vida e poesia de cada um. Explorou a fé dos homens. Foi à igreja, ao centro de candomblé, a um mosteiro, praticou a cabala, o budismo, leu o alcorão. Acreditou em um Deus, em muitos, até que em mais nenhum. Casou-se com uma mulher linda e nem ao menos conseguiu se apaixonar. Teve dois filhos, um menino e uma menina, e não sorriu ao vê-los nascer.Conheceu os afortunados, a futilidade de madames e a crueldade dos magnatas. Não encontrou esperança nem no verde do dinheiro. Saiu do centro e morou na margem do mundo. Começou bebendo, tomava porres tão fortes que ficava em coma alcoolico. Usou maconha, cocaína e sorriu por alguns dias. Até que o efeito passasse, seus olhos voltassem ao estado de óbito e seu corpo se desprendesse de qualquer vício. Abraçou mendigos e marafonas, beijou o asfalto em noites de violência. Perdeu seu nome, alguns dentes e a liberdade. Até que voltou para casa.Matou-se exatamente no dia em que seus pais comemoravam o seu despertar do mundo vazio em que vivia. Por mais que eu fosse seu amigo, nunca o perguntei o que procurava. Porém acho que tive um pouco de noção ao ler o que ele escreveu no bilhete que deixou depois de dar um tiro na própria boca.O bilhete dizia: “Eu só queria voltar pro meu abrigo”.
FIM

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Pequenas histórias, grandes lembranças.


Pelos meus caminhos se passou a menina de uma só noite, os amigos de um só dia, o show de uma banda, algumas pedaladas e muitos sorrisos sinceros. Parecem pequenas coisas em um curto espaço de tempo, mas talvez a grandiosidade não esteja no tamanho e nem em quantos segundos, minutos ou dias ela durar. Talvez um verso fale muito mais que um poema. E um beijo seja muito mais que uma noite de amor. E um dia possa resumir um ano, ou quem sabe uma vida. Um casinho da escola pode ter feito um homem mais feliz que um casamento, ou uma viagem de varaneio mais que férias em Paris. Um beijo no ouvido mais que milhares de declarações de amor. De pouco importam os relacionamentos de 20 anos. Não se pode julgar um pai que troca a parceira de décadas por um amor recém-nascido. E nem zombar do diário de uma menina em comparação à obra de um escritor. Os pequenos momentos fazem as mais belas histórias e a essência delas, as grandes lembranças.

domingo, 15 de junho de 2008

Como seria a vida sem sexo?

Difícil seria pensar numa sociedade assexuada. As pessoas seriam completamente apáticas. Os homens seriam eternamente estressados. E as mulheres não se enfeitariam para ir até a padaria. Não existiriam academias em que os caras ficam marombados para ir nas baladas pegar as gatinhas. Não existiriam carrões importados, já que os bem sucedidos não precisariam mostrar os seus dotes financeiros para convencer alguma mulher a pegar no seu frio de mão. Os nerds seriam seres populares por causa da sua inteligência. E os carinhas que quando pequenos pareciam com algum bebê Johnson e quando adultos lembram algum modelo de comercial de pasta de dente, seriam míseros excluídos. As mulheres feias então, estariam sempre rodeadas de rapazes interessados nos seus papos profundos. E as bonitas de nada seriam interessantes, já que um corpo bonito não interessaria a ninguém. Também não existiriam atrizes na tv sem nenhum talento, já que não haveria o teste do sofá. Sendo assim, atores feios poderiam ser protagonistas de novelas e quem sabe uma Cláudia Gimenez poderia fazer um par romântico com o Gianecchini, mas dessa vez sem ser algo cômico como na novela "As filhas da mãe"? Quando não se olha alguém simplesmente por uma visão inteiramente sexual, se valoriza outras coisas. Você passa a ver a pessoa como ela é. Passa a ver mais a sua capacidade intelectual de entender o mundo e as pessoas. Sendo assim, estariam em alta os seres hoje discriminados pela sociedade, os feios, sensíveis e inteligentes. Seriam verdadeiros pop stars.Disso eu posso concluir que mesmo eu sendo feio e pobre, eu poderia fazer sucesso.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Palavras de um poeta sem alma

"não vim aqui falar de amor
nem cuspir versos pra beijar uma mulher
melhor seria expor todo o meu ardor
e nos olhos a doçura de quem te quer"

terça-feira, 10 de junho de 2008

O corpo


Seria o corpo mais interessante que a mente? Parece vulgar, meio obceno. Mas sincero é aquele que não olha os defeitos da personalidade de um ser e que apenas a boca cuja carne lateja lascívia e tempera ainda mais o desejo de se ter alguém. Este é o corpo. Posto que se encontra nele algo que a mente não diz. E de que ela importa? Não nos conhecemos nem mesmo durante toda a vida. Qual a diferença conhecer ou não alguém? Devemos saber do caráter e nada mais. E não deixar fazer perder o gosto dos beijos quando a menina fala pobrema. Ou quando o aquele cara bonito deixa sair por entre os lábios um comentário imbecil. O corpo pode dizer muito mais que as palavras e que a mente confusa de qualquer ser humano que seja. Veneremos o corpo e não a mente? Pois bem que aí está o dilema desse mundo cada vez mais moderninho. É possível amar o outro só apenas por tocá-lo. Nada de viver juntos, casar, ter filhos para dizer que se ama. Quem tem que sentir os sentimentos é o corpo. E mesmo que não se diga eu te amo, só um toque que faz subir os pêlos e congelar os póros pode dizer que o corpo ama. O pior é que: quem o corpo ama? Que tipo de corpo? Todos os corpos gostosos? Mas não se enxerga com o corpo. Sexo não se faz com os olhos. E sendo assim, quem tem que sentir é o corpo. Danem-se as banhas ou os abdomens tanquinho, o que importa é o toque que o corpo tem. A pegada é fundamental não é? Só se sente se realmente se ama quando um simples toque nos faz ir à Marte e voltar ou um gozo estratosférico toma conta da nossa alma. Talvez as pessoas tenham que pensar mais com o corpo e menos com o coração. Este aí só dói. É sempre dramático. Vive de amizades com a mente sabe-se lá porque se eles nem ao menos conseguem se entender. O corpo diz mais que tudo. Ele sim é sincero e te faz sentir muito mais amor que um simples coração que acelera. O corpo masculino então, põe sinceridade nisso. Se a mulher é gostosa ele fica excitado mesmo. Quanto às mulheres...Infelizes são as atrizes de cama que não conseguem deixar de se esconder atrás dos seus orgasmos falsos. Já que pensavam elas terem encontrado os seus homens perfeitos, cujos corpos nunca as fizeram sentir a noite mais fria ferver. Deixemos todos os idealismos de lado e passemos a gostar de alguém ou até mesmo amar alguém quando o corpo nos disser que não existe amor à primeira vista, mas sim ao primeiro toque, beijo, braços por entre as curvas, sentidos aflorados. E assim o corpo nos guia. Deixamos de querer todos os corpos que nos interessam para querer apenas um. Se sentimentos vem de sentidos, ninguém melhor que o tato para nos guiar. "Não precisamos nos entender menina, temos é que nos ter, um ao outro, corpo no corpo, e deixe que eles se entendam..."

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Eu. Lírico!

_ Pai, eu sou poeta.
_ Isso é uma doença, meu filho. Já vi homens morrendo bêbados e mendigos recitando versos de amor pelas esquinas da cidade. Indivíduos libertários pregando o amor livre entre sexos semelhantes ou diferentes. Pessoas dando um tiro na própria boca por não conseguir mais calar os seus cérebros reflexivos. Eu prometo que vou te ajudar a ser um ser humano normal.
_ Pai! O mundo seria muito melhor se todas as pessoas usassem suas almas e compusessem uma canção, poesia ou verso que fosse...

sábado, 24 de maio de 2008


Quando nascemos nossos pais são incumbidos de nos dar um título. Somos criados, cuidados, até que possamos escrever o nosso próprio parágrafo. Tudo parece estar começando. Todas as questões nos são como uma interrogação. Recebemos respostas, algumas boas outras ruins. A vida nem sempre nos é justa. Não vivemos tudo o que sonhamos e quando não temos o que queremos, nos tornamos um ponto de exclamação. Gritamos, nos revoltamos, fazemos coisas das quais no futuro podemos nos arrepender. Certos erros podem ser consertados, outros não. Para alguns a vida pode dar um ponto final. Para outros um ponto de continuação, uma segunda chance. Quando aprendemos, passamos a usar mais o travessão pra entender as pessoas. Ouvimos o próximo pela primeira vez. Principalmente os nossos pais. Não ficamos mais entediados com as suas eternas aspas. Eles nos falam sobre tudo o que já viveram pra que possamos escrever um segundo capítulo. Então, aos poucos vamos escrevendo capítulos que se sucedem. O tempo passa e percebemos que escrevemos um livro. Porém nada na vida se completa. Vivemos sempre na vontade de viver mais... E isto é o correto a ser feito! Sonhar, ser feliz, já que a vida é uma eterna reticência.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A vida é feita de vidas


Qualquer coisa que você fizer pode mudar a sua vida e a de outra pessoa para sempre, e sem você se dar conta. Acontece com todo mundo o tempo todo. É como se cada um de nós tivesse o poder de mudar a vida de alguém. Talvez de forma simples ou até mesmo devastadora. É como se todos nós estivéssemos ligados um por um por uma força invisível. Como grãos de pólen que são levados pelo vento e caem num lugar fazendo nascer uma nova plantinha. Como um espermatozóide que fecunda o óvulo e nasce você. Cada acontecimento é um verdadeiro fenômeno. Não nos damos conta do quanto isso influencia em tudo. E tudo é imprevisível. Às vezes você procura um amor do outro lado do país quando na verdade o seu coração espera conhecer alguém para amar que mora bem pertinho de você. Às vezes você faz uma conta enorme de uma equação que poderia ser resolvida por um simples raciocínio lógico. Eu acho que tudo na vida é uma grande experiência científica, por mais que você erre, da próxima vez sempre pode dar certo. Nada na vida pode ser calculado. Se o futuro a Deus pertence, a nós cabe dar a ele uma ajudinha para escrever os nossos caminhos. Para isso é preciso estar aberto a todas as possibilidades. É preciso perceber as pessoas, ouvir o que elas têm a dizer. É preciso se deixar ser levado pela correnteza da vida, como um grão de pólen, e sem ter medo de onde você pode cair. É preciso correr para chegar em primeiro lugar como o espermatozóide que o gerou. Olhar nos olhos dos outros e ver tudo ao seu redor. Porque nos lugares mais improváveis, nas horas mais impróprias e nos dias mais tristes, a felicidade pode estar te olhando e se você estiver de olhos fechados se privando de tudo. Ela pode sair na próxima estação e você nunca mais pode vê-la. O que tiver que ser só vai continuar sendo se você fizer de tudo para que sempre seja. Ninguém é perfeito, a vida não é só feita de alegrias e o amor em si também é tão imperfeito quanto ser humano. Não importa se as coisas não começam da melhor maneira, isso não significa nada. Porque o destino, mesmo que escreva a sua história de forma torta, ele sempre acaba acertando.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Depois do amanhã


Ainda que os teus lábios murchem como as linhas das tuas mãos
que as tartarugas morram e que sobre somente nós numa casa vazia
ainda que as paredes descasquem como a nossa juventude
e que as crianças tenham filhos que habitem os nossos quintais
e que me olhe enraivecida numa semana do mês
ainda que a vida nos traga doenças de velhice e com elas dor
ainda que as canções envelheçam e nossos olhos não nos possam mais ver a nossa face
ainda que os pássaros que cantam nas árvores do jardim entrem em extinção
e que as bananas da torta que tu aprontastes não existam mais daqui há algum tempo
ainda que eu perca a força de te levar nos braços rumo à cama
e que não se lembre de mim depois dos 80
e que me faça olhar pros céus e perguntar porque
ainda que me levem o pouco de certeza que me resta
....eu ainda te amo.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Reflexão



Num certo dia
eu lembrei de que tudo era proibido
de tudo que o eu fazia
eu lembrei de quando eu era um menino
das companhias
eu lembrei de tudo o que eu tinha
eu lembrei da minha mãe, da minha filha
da esperança que eu tive um dia


Num certo tempo
a vida pode esclarecer um sentimento
de tudo o que você não pode fazer
eu só queria entender
trazer de volta o porquê do meu ser

Eu queria saber
de quanto tempo que eu tinha pra viver
eu queria entender
a minha cabeça, eu quero me compreender
eu queria esquecer a razão
fazer de conta que eu vivo na ilusão
eu queria era ser criança
e a esperança que eu tinha na lembrança
eu queria era seguir um destino
realizar todos os meus sonhos de menino
eu queria ver
o dia amanhecer...

Num certo dia
eu me cansei da minha vida exagerada
eu percebi que eu não tinha nada
um dinheirinho na carteira e uma moto roubada
eu queria era viver na união
participar de um movimento de libertação
eu queria era fazer valer a pena
me libertar da minha dívida interna
viver a vida sem ser planejada
dormir na casa de um amigo ou na beira da praia
eu queria era viver o momento
a cada dia que passa a gente está morrendo
e não seguir nenhuma religião
crer em Deus como pai e nos homens como irmãos
eu queria amar e em troca amado ser.

Num certo instante
as coisas podem parecer tão semelhantes
sonhos se tornam os seus ideais
sermões se tornam só palavras e nada mais
seus pais se transformam em dois velhos estranhos
e no mundo em que você vive eles são marcianos
e eu percebi que tudo estava errado
não era mais que um drogado em estado terminal
esperando a morte num cavalo alado
sem perceber que nada era normal

Eu queria viver
queria me compreender
e me fortalecer...

Queria esmaecer
abrir os braços pra sentir o vento bater
falar de rock e escutar mpb

Eu queria ver
o dia amanhecer...

CATEGORIA: letra de música.

Semelhança



Parece que de todos no mundo de nada se parecem
parece até que não somos da mesma espécie
parece que o amor no coração dos homens adormece
que a juventude não evolui, ela só retrocede

Parece até que todo gay é safado
parece que todo acusado é culpado
parece até que o povo sofre calado
e que todo favelado nasce revoltado

Parece que somos macacos e não homens
parece até que a nossa alma tem nome
e que a burguesia quer nos matar de fome

E parece de que o sonho no peito do pobre apodrece
de que somos vampiros chupando o sangue de qualquer pescoço que se ofecere
e que se inveja os demônios atendem nossas preces

Parece que Cristo é o Chê Guevara
só uma imagem e uma camisa estampada
parece até que a bíblia não é sagrada
e que a palavra não nos ensinou nada

Parece que morreu o grito de revolução
que a justiça divina é tudo o que podemos ter
parece não precisamos de atenção
que somos bichos que andam ao nascer

Parece que no mundo agora é tarde
que o homem não tem mais humanidade
que liberdade é libertinagem
parece que Deus é uma grande bobagem
parece que não fomos feitos a sua imagem....E semelhança.

CATEGORIA: letra de música.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Garotos



Sejamos eternos garotos em suas bicicletas
de meias cobrindo as canelas
com pipas ao vento como pássaros
meninos onde tudo é passado
brigam ontem, hoje são amigos
repartem brinquedos
não olham pros próprios umbigos
fingem que dormem cedo
para subir o telhado à noite
e pegar as estrelas com o dedo
riem como bobos da corte
não se envergonham como nós
se vestem de heróis ao sonho de algo mudar
salvar a mocinha ou apenas voar
são pobres matutos sem maldade nem raiva
que pulam os muros roubando goiabas
sejamos como eles
não como os homens
humanos em seus seres
sem realidades disformes.

quarta-feira, 12 de março de 2008

O máximo da vida é o mínimo de tudo


Às vezes você se nem se dá conta do que tem
Muitos não param pra pensar nisso
Muitos correm da chuva quando ela cai
Muitos não gostam do vento batendo nos seus rostos
Muitos odeiam sentir seus pés sujos
Mas quando você está prestes a perder isso
Você passa a querer uma brisa pra bater no seu rosto
Quando você está prestes a perder
Você não corre quando a chuva vem
Você se deixa molhar
E deixa-a entrar na sua alma e lavá-la
Porque agora você sabe que isso tudo vai acabar
Você olha pro céu e vê a luz do sol como os olhos de Deus
E não sente mais ela queimando suas córneas
Porque quando você sabe que pode perder isso tudo
Você passa a valorizar cada raio de sol
Cada gota de chuva
E tira os sapatos pra sentir
A terra nos pés
Você não se deixa levar mais pela sua arrogância
Você se torna humano
Porque quando você está prestes a deixar de viver
Você quer viver

Estrelinha


Por onde andas estrelinha
que não vem mais dar luz às noites minhas
onde estás que não te vejo mais
onde se escondes
me diz por onde que eu vou te buscar
por mais enorme o caminho a se distanciar
eu te espero de manhã ao sol nascer
até ele dormir ao anoitecer
se não me brilha e os olhos me aquece
não tenho sonhos na escuridão que padece
de noite agora estou sozinho
nem tons cintilam a mim
nem mesmo um brilho
se a luz do outros astros está a viver sem fim
nem de longe brilha como a tua brilha em mim
vem me dar vida às minhas noites sem cor
e me clareia com o seu mais belo amor
já que escuro aqui está
o meu quarto de cama de sentar
faz tua cauda a minha alma incendiar
e mesmo que fechada a vista minha esteja
tudo se vê a algo que se deseja
e que bem longe de mim você possa estar
me faz feliz somente de te olhar.

O amor


Dizer para si mesmo que não se quer mais amar é o mesmo que negar a própria essência. Sentir amor não é escolha do consciente humano. Você não aponta para uma pessoa qualquer ou para um amigo querido de caráter incrível e diz que vai amá-lo. Se apaixonar é buscar o mistério da vida. É saber que a partir daquele momento o seu coração vai ser explorado da mesma forma como Ainstein uma vez declarou que o ser humano usa somente 10% do seu cérebro. É explorar o coração em sua totalidade. É provar não só de um pedaço de uma maçã, mas saboreá-la por inteiro. E a armadilha em que se pode cair é a de que esta fruta está ou não envenenada.
Amar é isso. É comer o fruto da perdição sem nem ao menos se questionar do seu caráter nocivo. Mas o que vale é o gosto, o prazer que o momento lhe proporciona. É matar a fome que se tem. E dormir com o estômago cheio querendo provar da mesma fruta no dia seguinte. É empanturrar-se por inteiro e sem medo de engordar.
Negar-se a amar é o mesmo que se privar dos prazeres da vida. Amar é se colocar vulnerável diante o erro e se despir de todo o orgulho para fazer o amor valer a pena. É olhar pro próximo e ver a luz dos olhos dele somente como uma porta para a eternidade. Não é questionar a grossura dos braços de um homem, nem o desenho do corpo de uma mulher. É amar aquilo que se sente. Trazer pra si toda a beleza da voz, todos os traços do olhar, o contorno das mãos diante do corpo tocado. É não ter vergonha de dizer eu amo, mesmo que por mais piegas que se possa interpretar tal expressão nada contemporânea. É achar em si o sentimento mais antigo, porém mais bonito que o homem pôde sentir em toda a sua existência: o amor.

O belo

Um belo dia é um dia de alegria
um belo homem será apenas a fisionomia?
um belo sonho é o sonho de um sonhador
que vive sonhando com glórias, flores e um grande amor
uma bela vida é uma imagem num álbum de figurinhas
que de um todo é apenas um bom fragmento
assim como toda a felicidade passa correndo por um bom momento
como um castelo de areia levado pelo vento
um belo amor nunca vai ser pra sempre belo
se até mesmo o belo envelhece, não é eterno
e se a beleza é passageira
os otimistas acham que tudo isso é baboseira
a verdade do belo é que ele é belo agora
pois outrora nada possa ser tão fugaz
aproveitemos os nossos belos olhos de peles esticadas
pois depois tudo de belo pode se acabar
como as crianças que acreditavam em fadas
o tempo passa e tudo sempre vai mudar
assim como as belas idéias que fizeram esse poema.

Algo em comum


Olha pra lá meu amor
Olha pro horizonte e veja a vida
Olha pro nada e veja o tudo brotar
Olha pro monte e veja o sol
Olha pra mim e veja o futuro
Destino que olha pra nós e nos vê sorrindo
Olha pro chão e pras nossas raízes
Que se cruzam sem ter como se separar
Olha pra mim e me faz te olhar
Olha nos olhos meus e veja o horizonte
Olha pra ele e me veja
Então olha pra lá