quinta-feira, 13 de março de 2008

Garotos



Sejamos eternos garotos em suas bicicletas
de meias cobrindo as canelas
com pipas ao vento como pássaros
meninos onde tudo é passado
brigam ontem, hoje são amigos
repartem brinquedos
não olham pros próprios umbigos
fingem que dormem cedo
para subir o telhado à noite
e pegar as estrelas com o dedo
riem como bobos da corte
não se envergonham como nós
se vestem de heróis ao sonho de algo mudar
salvar a mocinha ou apenas voar
são pobres matutos sem maldade nem raiva
que pulam os muros roubando goiabas
sejamos como eles
não como os homens
humanos em seus seres
sem realidades disformes.

quarta-feira, 12 de março de 2008

O máximo da vida é o mínimo de tudo


Às vezes você se nem se dá conta do que tem
Muitos não param pra pensar nisso
Muitos correm da chuva quando ela cai
Muitos não gostam do vento batendo nos seus rostos
Muitos odeiam sentir seus pés sujos
Mas quando você está prestes a perder isso
Você passa a querer uma brisa pra bater no seu rosto
Quando você está prestes a perder
Você não corre quando a chuva vem
Você se deixa molhar
E deixa-a entrar na sua alma e lavá-la
Porque agora você sabe que isso tudo vai acabar
Você olha pro céu e vê a luz do sol como os olhos de Deus
E não sente mais ela queimando suas córneas
Porque quando você sabe que pode perder isso tudo
Você passa a valorizar cada raio de sol
Cada gota de chuva
E tira os sapatos pra sentir
A terra nos pés
Você não se deixa levar mais pela sua arrogância
Você se torna humano
Porque quando você está prestes a deixar de viver
Você quer viver

Estrelinha


Por onde andas estrelinha
que não vem mais dar luz às noites minhas
onde estás que não te vejo mais
onde se escondes
me diz por onde que eu vou te buscar
por mais enorme o caminho a se distanciar
eu te espero de manhã ao sol nascer
até ele dormir ao anoitecer
se não me brilha e os olhos me aquece
não tenho sonhos na escuridão que padece
de noite agora estou sozinho
nem tons cintilam a mim
nem mesmo um brilho
se a luz do outros astros está a viver sem fim
nem de longe brilha como a tua brilha em mim
vem me dar vida às minhas noites sem cor
e me clareia com o seu mais belo amor
já que escuro aqui está
o meu quarto de cama de sentar
faz tua cauda a minha alma incendiar
e mesmo que fechada a vista minha esteja
tudo se vê a algo que se deseja
e que bem longe de mim você possa estar
me faz feliz somente de te olhar.

O amor


Dizer para si mesmo que não se quer mais amar é o mesmo que negar a própria essência. Sentir amor não é escolha do consciente humano. Você não aponta para uma pessoa qualquer ou para um amigo querido de caráter incrível e diz que vai amá-lo. Se apaixonar é buscar o mistério da vida. É saber que a partir daquele momento o seu coração vai ser explorado da mesma forma como Ainstein uma vez declarou que o ser humano usa somente 10% do seu cérebro. É explorar o coração em sua totalidade. É provar não só de um pedaço de uma maçã, mas saboreá-la por inteiro. E a armadilha em que se pode cair é a de que esta fruta está ou não envenenada.
Amar é isso. É comer o fruto da perdição sem nem ao menos se questionar do seu caráter nocivo. Mas o que vale é o gosto, o prazer que o momento lhe proporciona. É matar a fome que se tem. E dormir com o estômago cheio querendo provar da mesma fruta no dia seguinte. É empanturrar-se por inteiro e sem medo de engordar.
Negar-se a amar é o mesmo que se privar dos prazeres da vida. Amar é se colocar vulnerável diante o erro e se despir de todo o orgulho para fazer o amor valer a pena. É olhar pro próximo e ver a luz dos olhos dele somente como uma porta para a eternidade. Não é questionar a grossura dos braços de um homem, nem o desenho do corpo de uma mulher. É amar aquilo que se sente. Trazer pra si toda a beleza da voz, todos os traços do olhar, o contorno das mãos diante do corpo tocado. É não ter vergonha de dizer eu amo, mesmo que por mais piegas que se possa interpretar tal expressão nada contemporânea. É achar em si o sentimento mais antigo, porém mais bonito que o homem pôde sentir em toda a sua existência: o amor.

O belo

Um belo dia é um dia de alegria
um belo homem será apenas a fisionomia?
um belo sonho é o sonho de um sonhador
que vive sonhando com glórias, flores e um grande amor
uma bela vida é uma imagem num álbum de figurinhas
que de um todo é apenas um bom fragmento
assim como toda a felicidade passa correndo por um bom momento
como um castelo de areia levado pelo vento
um belo amor nunca vai ser pra sempre belo
se até mesmo o belo envelhece, não é eterno
e se a beleza é passageira
os otimistas acham que tudo isso é baboseira
a verdade do belo é que ele é belo agora
pois outrora nada possa ser tão fugaz
aproveitemos os nossos belos olhos de peles esticadas
pois depois tudo de belo pode se acabar
como as crianças que acreditavam em fadas
o tempo passa e tudo sempre vai mudar
assim como as belas idéias que fizeram esse poema.

Algo em comum


Olha pra lá meu amor
Olha pro horizonte e veja a vida
Olha pro nada e veja o tudo brotar
Olha pro monte e veja o sol
Olha pra mim e veja o futuro
Destino que olha pra nós e nos vê sorrindo
Olha pro chão e pras nossas raízes
Que se cruzam sem ter como se separar
Olha pra mim e me faz te olhar
Olha nos olhos meus e veja o horizonte
Olha pra ele e me veja
Então olha pra lá